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Investimento que inova! Banco público paga R$ 7,5 milhões para Mané Garrincha virar Arena BRB; confira

Um dos maiores ocupantes do horizonte da capital do país, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha atende pelo nome burocrático de Aren...


Um dos maiores ocupantes do horizonte da capital do país, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha atende pelo nome burocrático de Arena BRB Mané Garrincha desde 1º de janeiro deste ano. Até então conhecido apenas pelo apelido do jogador botafoguense Manoel Francisco dos Santos, o monumento havia recebido a nomenclatura oficial Mané Garrincha por meio de lei, em 2012. Com a cessão do direito do nome — naming rights, em inglês — para o Banco de Brasília (BRB), oficializada em dezembro de 2021, o local levará o nome do banco até 2024, em negócio de R$ 2,5 milhões anuais, totalizando R$ 7,5 milhões. O estádio é integralmente administrado pela iniciativa privada desde fevereiro de 2020, quando o consórcio Arena BSB assumiu a gestão. 

A prática empresarial de naming rights, comum na Europa e nos Estados Unidos, também é vista em outras cidades do Brasil. A casa do Palmeiras é o Allianz Parque, e o estádio do Corinthians chama-se Neo Química Arena. O futuro endereço do Atlético-MG é a Arena MRV e o Fonte Nova, em Salvador, é a Arena Itaipava. No quadradinho, porém, a mudança de nome é polêmica e levanta críticas da oposição. Entre os brasilienses, há quem se refira ao estádio como Arena BRB — caso de flyers de eventos —, mas, no geral, a regra é clara: o nome do estádio é Mané Garrincha.

Morador do Guará, Gabriel Sartori, 40 anos, foi com a esposa e o filho visitar o complexo gastronômico Mané Mercado Vírgula na noite de ontem e, ao Correio, confessou que mora em Brasília há muito tempo e não tinha noção do nome do estádio ser "Arena BRB Mané Garrincha". "Sempre conheci como Mané Garrincha, que é o nome mais famoso", afirma. Ele cita que soube do patrocínio do BRB aos times de futebol e de basquete do Flamengo, em 2020, mas não da transição do nome. "Mesmo para a gente que mora aqui há bastante tempo, ficamos condicionados a não dar atenção a esse detalhe", complementa o desenvolvedor de software.

No mesmo local, a personal trainer Priscila Casteliano, moradora do Cruzeiro Novo que passeava com o marido, conta que a única vez que foi a um evento no estádio se deu durante um jogo de futebol da Copa do Mundo de 2014, quando ela se referia normalmente ao local como Mané ou Mané Garrincha. "Não sabia desse nome Arena BRB Mané Garrincha, pois a gente costuma falar de forma mais simples. Nunca ouvi falar desse nome do estádio porque confesso que não é algo que fico atenta durante o dia a dia", reconhece.

Oposição

Um dos críticos do "novo" nome é o deputado distrital Leandro Grass (PV), pré-candidato ao Buriti pela federação PT-PV-PCdoB. "Empresas privadas pagam para dar seus nomes a estádios, mas o BRB, que é um banco público, paga para que o estádio concedido à empresa privada mantenha seu nome original, Mané Garrincha. Ou alguém chama de Arena BRB?", questiona o parlamentar. "O dinheiro que poderia beneficiar pequenos empresários vai para uma grande empresa em troca de nada", critica.

Rafael Parente, ex-secretário de Educação do DF que deve participar da corrida eleitoral para governador pelo PSB em outubro, mantém a mesma opinião. "Acho desnecessário (o direito de nome). O BRB pode ser um banco de investimentos, mas deveria priorizar áreas como o desenvolvimento social e cultural do DF", defende o professor. "Poderíamos ter outras empresas, com outros tipos de parcerias público-privadas acontecendo, com interesses privados que não são de um banco de fomento que pertence ao governo", opina Rafael, que aposta na tradição do estádio na cidade. "Vai ser sempre Mané Garrincha, não tem como mudar o nome, é histórico", completa.

Garantia legal

O apreço dos brasilienses à nomenclatura também é citada pelo distrital Chico Vigilante (PT). "O nome Mané Garrincha foi definido por lei e é uma homenagem mais do que justa. O estádio já se chamava Mané Garrincha quando a nova arena foi construída (em 2013). Além da legislação, o nome é um costume popular", afirma o deputado, sem deixar de opinar sobre a parceria com o BRB. "É um erro investir dinheiro nisso, é gastar sem ter nenhum tipo de retorno. O estádio está dilapidado. Estive lá há uns dias e tudo em volta está tomado de buracos, com garrafas quebradas e sujeira. O BRB enxovalha o próprio nome ao emprestá-lo ao estádio", critica.

Também pré-candidato ao governo do DF, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) pede apuração detalhada sobre os gastos da parceria. "O relacionamento do BRB com o Mané Garrincha merece um olhar especial do TCDF (Tribunal de Contas do DF) pelos inúmeros aspectos obscuros que apresenta, assim como a da parceria com o Flamengo", sugere. 

O Correio entrou em contato com o BRB e a Arena BSB, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Com informações do Correio Brasiliense

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