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Aumentaram em 35% no DF o número de queixas de festas e som alto durante a pandemia

Foto: Renato Araújo/Agência Brasília A pandemia de Covid-19 não diminuiu os chamados da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para aten...

Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

A pandemia de Covid-19 não diminuiu os chamados da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para atender casos de perturbação ao sossego. Som alto e gritaria representaram 4.835 chamados no 190 no primeiro trimestre de 2021, mesmo com alto número de casos e mortes pelo coronavírus confirmados, ao passo que, no mesmo período de 2020, ainda com raros casos da doença, o número ficou em 3.108. Ou seja, aumento de 35% neste ano.


Um dos pontos onde há constante reclamação é a Praça da Harmonia Universal, na quadra 105 da Asa Norte. O local foi construído na década de 1970 para a prática de Tai Chi Chuan, mas, durante as madrugadas da pandemia, tem sido utilizado para promoção de festas.


O prefeito da quadra, Jeann Cunha, afirma que sempre houve este tipo de problema no local, mas, por conta do fechamento de bares, a principal opção de alguns grupos passou a ser a praça pública. “Eles acabaram procurando alguma estrutura e ficam ali umas 30 pessoas sem máscara e com sol alto, sem deixar os moradores dos prédios descansarem”, comenta.


Segundo ele, não há data para as reuniões acontecerem. De segunda a segunda é possível escutar o som alto na madrugada. “A gente chama a PM e eles dispersam, mas no dia seguinte voltam ou mesmo pouco tempo depois. Infelizmente, já temos casos de pessoas com depressão e insônia nos blocos próximos por não conseguirem dormir”, relata.


Apesar dos transtornos, Jeann diz que o local é um patrimônio de Brasília e seria inviável simplesmente acabar com a estrutura. “A praça é um marco, queremos que ela continue existindo. Estamos em conversas com o GDF, a PM e a quadra 104 para ver o que podemos fazer. Muitas possibilidades já foram levantadas, mas não temos nada de concreto. O que sabemos é que precisamos resolver isso”, destaca.


Na quadra que atravessa a comercial, um problema parecido é vivido na 106. De acordo com o presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte (CCAN), Sérgio Bueno, passou a ser comum observar jovens fazendo até mesmo fogueira no gramado entre a quadra dele e a 107. “O principal problema foi na Semana Santa. Houve uma elevada concentração de pessoas ali depois do horário do toque de recolher e muito barulho. Chamamos a PM e, pelo menos até agora, não voltaram mais”.


Segundo ele, há várias outras quadra que sofrem com a questão do barulho de madrugada. “Casos na 407 e também 408 pela quantidade de bares. Fica muito barulho da música ou das pessoas que ficam gritando e rindo”, pontua.


Moradora do Riacho Fundo II, a aposentada Valdetina Macedo, 59, sofre com outro problema de barulho: o vizinho. Conforme ela conta, nem a pandemia ou o toque de recolher foram capazes de diminuir as festas da casa ao lado. “Eu já perguntei para a dona da casa se ela alugou foi para fazer uma boate, porque não é possível”, reclama.


Os diversos chamados para a polícia dão certo apenas momentaneamente e nem mesmo conversando foi possível acabar com o barulho. “Falaram que pagam o aluguel e fazem o que quiser”, lembra.


A falta de sono já fez com que ela dormisse na casa da filha por várias vezes. Em outra situação, ela parou no hospital. “Minha pressão subiu tanto que precisei de atendimento médico”, explica.


Nas últimas semanas, no entanto, as festas pararam. Não é coincidência, pois ela e outros vizinhos ameaçaram fazer representação formal na PM. “Desde então, não teve mais. Eles sabem que, usando a representação, podem até ser presos”, comenta.


PM diz que atende chamados na medida do possível


O tenente-coronel Paulino, chefe do Centro de Operações da PMDF, conta que queixa de vizinhos aumentaram bastante. Uma vez que as pessoas não têm opção para sair, acabam fazendo festas no próprio apartamento ou em casa. “Os chamados têm se concentrado na sexta e sábado à noite e domingo durante o dia inteiro”, comenta.


O policial, no entanto, reconhece que a procura por ajuda é maior do que a disponibilidade de efetivo. Afinal de contas, a PM tem que atender várias outras ocorrências de diferentes naturezas. “A gente vai fazendo uma fila, pois precisamos atender casos de homicídio, Maria da Penha, assaltos. Como a perturbação não é um crime, mas uma contravenção, acaba que precisamos dar prioridade a outros acontecimentos”, explica.


Outra complicação do trabalho na PM é justamente a possibilidade de entrar em prédios ou condomínios. “Águas Claras, por exemplo, é formada 98% de condomínios. A gente não pode entrar neles se tiver festa em um apartamento, pois não é um crime. Então, muita gente acha ruim conosco em algumas situações, acham que é má-vontade, mas é apenas a lei”, destaca.


Há, todavia, uma forma de garantir que os policiais possam tomar providências mais enérgicas contra o morador que esteja fazendo festas com som alto, mas, de acordo com o tenente coronel, poucas pessoas se dispõem a tomar iniciativa. “Tem que fazer a representação. A gente faz o flagrante na hora, mas precisa alguém para assinar o termo. Muitas vezes o vizinho fica receoso, não que se indispor. Aí, infelizmente, não podemos atuar”, orienta.


Em casos de festas que ocorrem na rua, a atuação é mais fácil. “É espaço público e nós podemos fazer a abordagem e dispersão”, finaliza.


Com informações do Metrópoles

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