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Pesquisadora da Uncisal analisa impacto da internet na saúde mental de universitários

Levantamento contou com a participação de 503 entrevistados e concluiu que mais da metade desse público é considerado dependente Fonte: Seco...

Levantamento contou com a participação de 503 entrevistados e concluiu que mais da metade desse público é considerado dependente
Fonte: Secom/Uncisal


Irena Duprat entrevistou 503 estudantes de cursos de graduação de uma universidade federal

Um levantamento realizado por uma pesquisadora da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) analisou o impacto da internet na saúde mental de estudantes universitários da área de saúde no estado. Os dados resultantes da pesquisa são alarmantes: mais da metade dos participantes apresenta algum grau de dependência (leve, moderada ou grave) em relação à Internet, o que tem provocado danos à saúde mental. Casos considerados moderados e graves podem levar a ideias suicidas.

Durante a pesquisa, que resultou em uma tese de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), a professora Irena Duprat entrevistou 503 estudantes de cursos de graduação de uma universidade federal. Os participantes responderam, entre outros instrumentos, a um questionário sobre ideação suicida e uma escala de dependência de Internet Desse total, 50,9% apresentaram algum grau de dependência em relação à internet - sendo 8,6% dependência grave. A prevalência de ideação suicida foi de 12,5% entre os participantes.

Apesar de benefícios citados em atividades diárias, os estudantes relatam o mau gerenciamento das redes, tanto em relação ao tempo de navegação, como em relação ao seu propósito, o que, segundo a professora Irena Duprat, sugere maior susceptibilidade aos efeitos negativos desse uso, como prejuízos físicos, psicológicos, emocionais e de rendimento acadêmico durante os cursos de graduação.

“A Internet utilizada como mecanismo de fuga para situações adversas foi amplamente trazida nos discursos, acendendo um alerta à saúde mental dos estudantes, uma vez que episódios de depressão, ansiedade e estresse estiveram entre as principais justificativas para tal refúgio e, por sua vez, são fatores de risco para o comportamento suicida”, explica a professora e pesquisadora Irena Durpat.

Paralelo ao papel da Internet no contexto da ideação suicida, outro dado chama a atenção: o antecedente de suicídio e de tentativa de suicídio na família foi reportado por 10,3% e 26% dos participantes, respectivamente. Os resultados foram ainda maiores quando se referiram a um amigo: 12,5% dos estudantes confirmaram o suicídio e 44,1%, a tentativa. “Os números assustam uma vez que relacionamentos interpessoais podem exercer significativa influência sobre o comportamento de uma pessoa, aumentando a probabilidade de reprodução do ato”, ressalta a autora da pesquisa.

Além do papel da Internet, variáveis como faixa etária, orientação sexual, curso em andamento, bullying, histórico de tentativa de suicídio em familiares e/ou amigos, uso de medicação controlada, sintomatologia significativa para depressão e ansiedade estiveram associadas com a presença de ideação suicida.

Motivação

Irena Dupra conta que a motivação para realizar a pesquisa surgiu da observação da realidade em que atua. “Por volta de 2016, 2017, começamos, infelizmente, a ter um aumento no número de estudantes com problemas de saúde mental, vários estudantes apresentando depressão, ansiedade, síndrome do pânico e tivemos alguns casos de tentativa suicídio não só no curso de graduação em que leciono, mas em outros cursos”.

A pesquisadora complementa: “A gente sabe que a Internet é, sem sombra de dúvida, uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos 20 anos. Mas tudo em excesso gera preocupações, gera riscos. Então eu fiz a junção entre essas duas temáticas no sentido de tentar investigar ‘De que forma a internet poderia ter relação com a ideação suicida, ou seja, investigar se a internet poderia influenciar de alguma forma no pensamento suicida desse jovem?’”.

Metodologia


A pesquisa foi realizada em duas etapas: uma etapa quantitativa e uma, qualitativa. A etapa quantitativa foi composta por 503 estudantes de seis cursos da área da saúde. Os estudantes foram sorteados e preencheram alguns instrumentos de coleta, entre eles um “Questionário de Ideação Suicida” e o “Teste de Dependência de Internet”.

O Teste de Dependência de Internet tinha 20 questões relacionadas ao uso da internet e considerava o tempo que a pessoa permanecia conectada em momentos recreativos, não levando em conta a utilização para fins profissionais ou de estudo. Ao final, o indivíduo era classificado, de acordo com seu escore, como “normal” (não dependente), dependente leve, dependente moderado ou dependente grave.

Aqueles estudantes que obtiveram, simultaneamente, a presença de ideação suicida e foram classificados como dependente moderado ou dependente grave foram convidados para a segunda etapa, que aconteceu por meio de entrevistas individuais.

Produção científica

Além de resultar em uma tese de doutorado, a pesquisa implicará na produção de uma cartilha de conscientização sobre o uso racional da Internet e na elaboração de dois artigos a serem publicados em periódicos científicos de visibilidade nacional e internacional.

Fonte: Eduardo Almeida / Ascom Uncisal

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