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Policia investiga suposto abuso sexual praticado por líder espiritual no entorno do DF, veja

Com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, o Jardim ABC – uma espécie de expansão da Cidade Ocidental -, é um lugar ...


Com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, o Jardim ABC – uma espécie de expansão da Cidade Ocidental -, é um lugar com poucos atrativos: que se limitam ao bar, a conversas na porta de casa, a ida ao culto, à missa ou ao Candomblé para se tomar a benção. E é justamente no principal barracão da religião de matriz africana com filial nessa cidade situada a 40km do Palácio do Planalto que pode ter ocorrido a pior das atrocidades cometidas a uma pessoa: o abuso sexual.

Ao menos duas adolescentes e uma mulher de 52 anos relataram para a polícia ter sofrido violência sexual dentro do Ilê Axé Catubencimbe, cuja dona do terreiro é a Mãe Tereza. Justamente o filho dela, que é pai de santo, figura no Boletim de Ocorrência como acusado pelas vítimas de ser o autor das agressões a uma menor de 13 anos e a colega dela de 12, além da mulher de 52. Ambas conviviam diariamente com ele, conhecido na comunidade como Betinho, nome adquirido durante a campanha para vereador em 2018, à qual acabou derrotado.

O caso vem sendo conduzido em sigilo pela Polícia Civil do Goiás. Até agora foram colhidos depoimentos de vítimas e os exame de corpo de delito delas no Instituto de Medicina Legal (IML) a fim de coletar possíveis provas genéticas do suposto abuso sexual. Por enquanto, não há qualquer pedido de prisão contra Betinho.

Segundo contou uma das vítimas, as agressões eram contínuas e cometidas havia quase um ano. Até que um fato insólito para os padrões de vítimas preferenciais do suposto agressor – que até então havia abusado de crianças e adolescente – trouxe à luz ao que pode ser o mais novo escândalo em um templo religioso. No dia 26 de novembro, uma Ekedi (espécie de auxiliar dos trabalhos) de 52 anos foi atacada dentro de um aposento após a sessão espiritual.

Segundo ela relatou para a polícia, estava dormindo juntamente com as filhas e duas adolescentes quando acordou apenas de calcinha. Ela afirma que, por regra da casa, não é permitida às pessoas dormirem de roupa íntima, por isso, na ocasião, afirmou ter dormido com um calção e blusa.

Inquieta com o que se passara com ela, a mulher revelou o ocorrido para todos os que estavam no centro espírita naquele dia, inclusive para Mãe Tereza. Depois de escutar várias versões para o ocorrido, como a de ter sofrido de alucinação, ela teve a confirmação da sua suspeita por parte de uma jovem de 12 anos. Segundo a menina, um homem de cor negra, vestido com a camisa do Flamengo e uma bermuda preta, havia adentrado ao barracão onde elas estavam. A menina contou ainda que ficou com medo de ser a próxima vítima dele e decidiu fingir que estava dormindo.

Inconformada, a vítima de 52 anos chamou a Polícia Militar. Os policiais, porém, não encontraram ninguém suspeito na propriedade. O caso foi levado ao conhecimento do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Cidade Ocidental. Ela e as meninas foram para o IML. Lá, veio outra revelação. Uma jovem que dormia juntamente das outras

teria contado para a mulher mais velha que sabia quem tinha estado no aposento delas naquela noite. O relato foi reproduzido pela vítima de 52 anos à reportagem do Jornal de Brasília, que conversou com ela por telefone. “Depois de termos voltado para o barracão, ela (jovem de 15 anos) disse para mim: ´Olha, mãe (tratamento dado as integrantes mais velhas): tenho certeza que foi o Betinho. Eu vi ele dentro do quarto. Depois que ele tirou sua calça, veio atrás de mim´. Ela contou isso para mim naquela noite. Estava bem assustada”, disse a mulher mais velha, que está escondida com medo de retaliação.

A menina que teria apontado Betinho como o invasor ao aposento delas naquela noite trata-se da sobrinha do próprio agressor. Ao pai dela, que é irmão do suposto autor, revelou que também era abusada sexualmente pelo tio. O fato foi confirmado pelo pai dela em depoimento para a polícia: “Relata o comunicante Rafael que toda sua família faz parte dessa pequena comunidade religiosa. Acrescenta que é irmão de Betinho (…) e que sua filha narrou que Betinho tocou partes íntimas de sua filha a pretexto de práticas religiosas. Relata que suspeita que Betinho possa ter tido relação sexual com sua filha, mas não é capaz de afirmar”.

Após o relato da colega, a filha da vítima de 52 anos também resolveu quebrar o silêncio. Segundo narrou para a mãe a menina de 12 anos, ela sofria “violências sexuais” de Betinho havia oito meses. Numa das investidas do suposto agressor, ele chegou a convencer ela a não resistir aos atos sexuais dizendo que se tratava de um sacrifício religioso “ao qual ela teria de se submeter”.

A reportagem do Jornal de Brasília esteve no Jardim ABC na última terça-feira. Lá, tentou contato com a Mãe Tereza e com o seu filho, o Pai de Santo Betinho. Mas eles não atenderam e nem sequer retornaram as nossas ligações. Apesar de o carro da família encontrar-se dentro do lote onde fica o terreiro, ninguém saiu para conversar com a nossa equipe.

No mesmo dia, procuramos a mãe de duas jovens que teriam sido abusadas sexualmente pelo tio, Betinho. A mulher, que é empregada doméstica, disse não ter conhecimento do crime sofrido por suas filhas. Ela conta que é separada do pai das meninas e que a guarda delas é compartilhada. A mulher, que pediu para não ser identificada, contou que pretende pedir a guarda definitiva das filhas. “Eu nunca desconfiei dele. Sempre me pareceu uma pessoa boa. Estou chocada. Se isso for verdade, ele é um monstro”, desabafou ela.

Com informações do Jornal de Brasilia

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