Uma pessoa transtornada, um louco incontrolável”. É dessa forma que o aposentado Abrão Noleto, 66 anos, descreve o fazendeiro goiano André L...
Uma pessoa transtornada, um louco incontrolável”. É dessa forma que o aposentado Abrão Noleto, 66 anos, descreve o fazendeiro goiano André Luiz Bastos Paula Costa. Alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), após fazer ameaças ao governador Ibaneis Rocha (MDB), Costa foi preso por esfaquear o enteado do idoso durante uma discussão.
Em entrevista ao Metrópoles, o aposentado relembra que trabalhava em uma feira, onde é coordenador, quando teve o primeiro contato com André.
“Como sou aposentado por invalidez, decidi abrir uma barraca de chope artesanal nessa feira que criei, que funciona do lado de fora do Parque Flamboyant, em Goiânia (GO). Um dia, ele estava com um pessoal fazendo churrasco, dentro do parque”, relembra.
Abrão conta que procurou o churrasqueiro que estava com o fazendeiro para questionar se o grupo tinha autorização para estar ali. “É proibido ficar dentro do parque e a legislação determina que as feiras concorrentes se posicionem a 500 metros de nós. Imaginava que eles estariam fazendo o churrasco no local para vender, o que não é permitido pela regulamentação”.
Noleto decidiu se afastar do grupo após a reação de André. “Virei as costas, dei cinco passos e ele começou a me desacatar de uma forma inimaginável. Me chamava de petista, defensor da Dilma e esquerdista filho da puta [sic]. Eu não tinha razão nenhuma para ter nada contra ele, e ele me xingou de forma muito agressiva. Nessa hora, encarei, retruquei os xingamentos o mandei calar a boca”.
Quando se preparava para deixar a feira, já em seu carro, o idoso foi cercado por um grupo de amigos de André. “Eram seis ou sete pessoas me pegando pelo pé, tentando me arrastar para fora do carro. Nessa hora, o pessoal da feira percebeu a confusão. Eles foram correndo separar”.
“Em uma tentativa de me proteger, meu enteado colocou o braço na minha frente. Foi neste momento que ele [André] o esfaqueou no braço e a polícia foi chamada”.
“Por um fio”
Diante do flagrante, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) encaminhou os envolvidos para a delegacia. “Eu fiquei em choque, abalado emocionalmente, muito nervoso. Ele tinha muita influência, praticamente tomava cafezinho junto com policiais, falava com coronel amigo dele e, no final, a ocorrência foi registrada, meu nome não apareceu e o do meu enteado foi tratado como possível agressor”, conta.
Em reunião de conciliação junto ao Ministério Público de Goiás (MPGO), a família do aposentado decidiu não prosseguir com a denúncia contra o fazendeiro. “Meu enteado estava estudando para fazer concurso e me pediu para desistir do processo por medo de atrapalhá-lo. Como o nome dele apareceu mais do que o meu durante todo processo, resolvemos parar por ali”.
A cena da agressão voltou a incomodar o idoso quando ele assistiu ao vídeo em que André aparece ameaçando o governador Ibaneis Rocha (MDB). “O reconheci pela voz, inconfundível. Se não fosse o braço de um rapaz, eu estaria em um velório”, finalizou.
Pelas ameaças ao chefe do Executivo local, André Luiz Bastos Paula Costa virou alvo de investigação da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC).
Na gravação, ele reclama do desmonte do acampamento onde se concentravam produtores rurais de todo o país. “Governador Ibaneis, o senhor foi hoje (dia 13/06) lá no QG Rural, do lado do Ministério da Agricultura, e mandou derrubar nosso acampamento lá, né?”, diz o homem.
O integrante do grupo de extrema-direita prossegue e faz a primeira ameaça a Ibaneis. “Pois é, governador, o senhor derrubou o acampamento de todos os produtores rurais do Brasil. Somos nós que estamos mantendo esse país e nós não vamos a aceitar a truculência, a forma como o senhor agiu, senhor Ibaneis. Nós vamos mostrar pro senhor com quem que o senhor mexeu”, ameaçou.
O inquérito instaurado na delegacia especializada apura não só as ameaças do fazendeiro como a de outros integrantes de grupos extremistas. Investigadores trabalham na identificação dos locais onde estão os autores dos ataques, a fim de levá-los para prestar depoimento.
Com informações do Metrópoles
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